"Os principados civis, ou são criados com a ajuda do povo, ou com a dos nobres. Para o conseguir, não basta a fortuna ou a sorte, sendo antes necessária uma astúcia afortunada.
É mais difícil conservar um principado obtido com a ajuda dos nobres que um que se obteve com a ajuda do povo, porque os nobres julgam-se iguais ao príncipe, enquanto o povo está disposto a obedecer. Não é possível contentar os nobres sem prejudicar os outros, porque o seu desejo é oprimir, enquanto o povo apenas deseja não ser oprimido.
Os nobres, além de faltarem à sua palavra, revoltam-se contra o príncipe e escolhem o partido daquele que esperam que vença. Além disso, o príncipe pode passar sem alguns nobres, porque os pode criar ou destruir de um dia para o outro, mas tem de viver sempre com o povo.
O príncipe deve esforçar-se por associar inteiramente os nobres à sua fortuna, e deve ser especialmente cuidadoso com os que não se querem comprometer, por qualquer razão em particular ou simplesmente por ambição, porque esses vão contribuir para a sua ruína quando os tempos lhe forem adversos." - in "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel
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