segunda-feira, outubro 17, 2005

Combóios de Portugal



Em 28 de Outubro de 1856 foi inaugurada a primeira linha ferroviária em Portugal, quando partiu da Estação de Santa Apolónia o comboio baptizado D. Pedro V, que ligou pela primeira vez Lisboa ao Carregado. A obra, iniciada em 1853, esteve a cargo da "Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal".

Após a rescisão do contrato com esta companhia, é concedida autorização a D. José de Salamanca, que em 20 de Junho de 1860 fundou a "Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses" com o objectivo de explorar as linhas do Norte (Lisboa - Porto) e do Leste (Lisboa - Elvas - Badajoz).

A linha do Norte ficou concluída até Vila Nova de Gaia, no dia 7 de Julho, de 1864, um ano após a linha do Leste chegar a Badajoz, no dia 4 de Julho, para o que foi necessária a mudança da bitola da linha existente 1,44 metros para a bitola ibérica de 1,67 metros.

Para o sul do país os obstáculos foram maiores: a falta de investidores interessados, mesmo com grandes apoios do Estado, deixa nas mão deste a responsabilidade de levar o comboio ao Algarve. A 1 de Julho de 1889, 25 anos depois de ter chegado ao Norte, o comboio chega finalmente a Faro.

No Norte, o comboio ia de 'vento em popa'; a 20 Novembro de 1877, Gustave Eiffel ligava Vila Nova de Gaia ao Porto, através da Ponte D. Maria Pia.

Em 22 de Dezembro, de 1926, após resolver problemas relacionados com o Cabo Submarino, é terminada a electrificação da Linha de Cascais.

Em 1945 o Governo português decide atribuir todas as concessões de linhas férreas (à excepção da Linha de Cascais), à CP - Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que a partir de 1910, devido à Implantação da República, tinha abandonado o nome de 'Real'.

Em 1948 começam a cruzar as linhas as primeiras locomotivas a diesel, e no início da década de 1950 é electrificada a linha de Sintra e iniciada a electrificação da Linha do Norte; nesta altura a electricidade, o diesel e o vapor, que só deixaria de existir em 1977, conviviam alegremente nas estradas de ferro portuguesas.

Com o 25 de Abril de 1974 assiste-se à nacionalização de grande parte das empresas portuguesas - a 'CP' não foi excepção. Os anos 80 trazem uma fase de declínio, com o encerramento de muitos troços de linha, devido aos grandes défices de exploração da CP bem como à ascensão do transporte rodoviário, cada vez mais acessível a uma população com um poder de compra crescente.




Estações encerradas e linhas desactivadas tornam–se um cenário comum em várias zonas do país, e nem a entrada de Portugal na CEE (Comunidade Europeia) consegue mudar esta situação, visto que as verbas atribuídas pela CEE são aplicadas principalmente no desenvolvimento rodoviário.

Nos últimos anos esta tendência pareceu inverter-se com a construção de uma nova travessia entre Porto e Gaia para substituir a centenária ponte 'D. Maria Pia', a construção em Lisboa da Gare do Oriente, obra do Arquitecto Calatrava, para dar apoio à Expo 98; a ligação ferroviária entre Lisboa e a margem sul do rio Tejo pela Ponte 25 de Abril e a possível introdução do TGV - Comboio de Alta Velocidade.

Também a 'CP' sofreu profundas alterações nos últimos anos, tendo sido separada em duas empresas – uma para construir e manter as linhas (REFER) e outra (a própria CP) para gerir os comboios, prevendo-se ainda uma possível reprivatização.





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Versão 2, junho de 1991

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