terça-feira, novembro 08, 2005

Paris já está a arder!

França introduz leis de emergência.

Jovens lançam “cocktails” Molotov e pedras sobre polícias. O governo francês usou hoje leis de emergência para autorizar o recolher obrigatório depois de uma 12ª noite sucessiva de violentos confrontos que deram outros 1200 veículos incendiados.

As autoridades locais poderão impôr o recolher obrigatório para restaurar a ordem nas áreas urbanas afectadas, anunciou o Presidente Jacques Chirac. "Eu decidi dar as forças da ordem medidas suplementares de acção para assegurar a protecção dos nossos cidadãos e a sua propriedade," disse o Presidente num Conselho de Ministros.

Há um limite inicial de 12 dias às medidas do estado-de-emergência. Esperam-se que a Polícia reforce o Recolher Obrigatório, não os soldados do exército, que não foram chamados. A lista das cidades e vilas cobertas por estas regras será anunciada hoje.

"Nós não poderemos agir de uma maneira preventiva para evitar estes incidents," disse o ministro interior, Nicolas Sarkozy. "Nós monitoraremos, pouco a pouco a evolução dos acontecimentos”.

O Sr. Sarkozy disse também que os novos poderes permitiriam que as autoridades procurassem habitações e outras propriedades onde há suspeita de armas escondidas.

Antes, a Policia disse que tinham sido presos 330 pessoas durante os distúrbios da noite passada.Homens armados no sul de Toulouse ordenaram a saída dos passageiros de um autocarro e incendiaram-no, atacando elementos da polícia com bombas de petróleo e pedras.

Reservistas da polícia serão chamados como reforços para ajudar a combate os distúrbios, que se espalharam dos subúrbios de Paris a cerca de 300 cidades e vilas -trazendo o total a 9.500 homens, disse o Sr. Dominique de Villepin, primeiro ministro.

Por toda a França, os vândalos queimaram 1.173 viaturas durante a última noite, comparados com 1.400 da noite anterior. de acordo com os números da polícia nacional.

Em Sevran, fora do capital, uma escola foi queimada enquanto noutro subúrbio de Paris, Vitry-sur-Seine, jovens lançaram bombas de petróleo contra um hospital. Ninguém foi ferido.


Mais de 5.900 veículos foram queimados, desde que a violência começou em 27 de Outubro, depois que dois jovens de origem africana terem sido electrocutados ao esconderem-se, aparentemente da Polícia, numa subestação de electricidade, no subúrbio de Paris de Clichy-sous-Bois.

As mortes provocaram o desencadear das frustrações de imigrantes africanos da segunda e terceira geração, e a violência espalhou-se por todo o país. Perguntado TF1 se o exército deve ser envolvido, o Sr. de Villepin disse: "nós não estamos nesse ponto... [ mas ] em cada etapa nós tomaremos as necessárias medidas para restabelecer rapidamente a ordem em toda a França.

A decisão de impor o recolher obrigatório seguiu-se à noite mais violenta, dos último dias em França.


Aparentes ataques semelhantes têm ocorrido fora de França, com cinco carros incendiados no exterior da principal estação de caminhos de ferro de Bruxelas. A Polícia Germânica também está a investigar o incêndio de cinco viaturas em Berlim.

A violência está forçando a França a confrontar a raiva que foi crescendo em décadas nos subúrbios negligenciados e entre as crianças nascidas em França de emigrantes Árabes e Africanos. A comunidade muçulmana da França é de 5 milhões de pessoas, a mais extensa da Europa Ocidental.
O Sr. Chirac deplorou o "ghettoisation dos jovens de origem africana ou norte-africana" e reconheceu a "incapacidade da sociedade francesa em aceitá-los totalmente", disse o Sr. Vike-Freiberga, presidente da Letónia, após um encontro privado com o Presidente francês.

Em termos de destruição de material, estes distúrbios são os piores da França desde a segunda guerra mundial. Nunca os motins afectaram simultaneamente tantas cidades francesas diferentes, disse Sebastian Roche, um director do Centro Nacional Para a Pesquisa Científica.

Cerca de 600 pessoas estavam detidas antes da violência da última noite, e estavam a ser feitos julgamentos rápidos para punir os amotinados.

As autoridades afirmam que o Estado será firme e justo, podendo ser exigida a entrega de armas e serem fechados alguns locais públicos. A segurança dos turistas não está em causa.

Fonte: The Gardian

Sem comentários: