segunda-feira, maio 08, 2006

Galo de Barcelos

Lenda do Galo de Barcelos - Portugal

"A lenda ocorre em Barcelos, a princesa do Cávado, que é sem dúvida uma das terras mais bonitas de Portugal. Ninguém pode deixar de ter por ela, tão antiga e tão fidalga, a maior admiração.

A sua história gloriosa, as suas tradições inconfundíveis, valorizam e reforçam os seus naturais encantos. Monumentos e jardins esbanjados às mãos largas dão-lhe um delicioso e colorido realce."



Versões da lenda:
"A curiosa lenda do galo data do século XVI. Segundo ela, os habitantes da região estavam alarmados com um crime cometido ali e que ficara sem explicação. Portanto, o criminoso era desconhecido. Certo dia surgiu um suspeito que foi preso pelas autoridades locais. O pobre homem jurava inocência e dizia estar peregrinando a San Tiago de Compostela para cumprir uma promessa, mas não convenceu e foi condenado à forca. Antes da execução, o homem pediu que o levassem à presença do juiz. Na casa do magistrado estava acontecendo uma grande festa, com muitos convidados, e diante de tantas pessoas reafirmou sua inocência e apontou para um galo assado que estava sobre a mesa exclamando:
- "É tão certo eu ser inocente, como é certo este galo cantar quando me enforcarem".
Diante de tal situação, ninguém comeu o galo assado e o que parecia impossível, tornou-se realidade, pois no momento do enforcamento, o galo levantou-se e cantou. O juiz correu até o local da forca e livrou o pobre inocente da morte. Alguns anos se passaram e o homem retornou a Barcelos e ergueu o monumento do Senhor do Galo em louvor a San Tiago e Nossa Senhora."

Outra:
"Há muitos anos, um peregrino, que pernoitou numa hospedaria, em Barcelos, foi acusado de ter roubado uma valiosa peça de prata.
Foi levado ao tribunal e o juiz, antes de o condenar à morte, pediu-lhe que apresentasse todas as provas que possuía da sua inocência.
Como ali perto havia um cesto com um galo, o acusado disse : "É tão verdade eu estar inocente como este galo cantar". E o curioso é que o galo cantou. E o peregrino foi em liberdade."

Mais outra:
"Sendo condenado a morrer na forca um nosso vizinho de além Minho, por crime que não tinha praticado, apegou-se com Nossa Senhora e com o seu patrono Santiago, para que o livrasse da pena que ia sofrer. Numa inspiração súbita pediu para ir à presença do juíz, que o recebeu a jantar. O galego jurou que estava inocente e disse que, como prova da sua inocência, o galo assado, que estava em cima da mesa para a refeiçãpdo juíz, se levantaria e cantaria.
Operou-se o milagre, e o condenado foi posto em liberdade. Em memória desta facto, mandou erigir um padrão em frente à forca na freguesia de Barcelinhos."


Outra ainda:
"Os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e com o facto de não conseguirem descobrir quem o cometera.Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar de ter jurado que era inocente, ninguém acreditou nele. Ninguém acreditava que um galego se pudesse dirigir a S. Tiago de Compostela para cumprir uma promessa e muito menos que ele fosse um fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava.Assim, foi condenado à forca mas, antes de ser enforcado, pediu que o levassem ao juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do juiz que, nesse momento, estava num banquete com os amigos. O galego reafirmou a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava na mesa e disse: "É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem". Risos e comentários não se fizeram esperar mas, por via das dúvidas, ninguém tocou no galo.O que parecia impossível tornou-se, no entanto, realidade! Quando o galego estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se da mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz correu o mais que pôde e com espanto viu o homem de corda no pescoço, mas com o nó largo, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz. Passados alguns anos, voltou a Barcelos e ergueu um monumento em dedicação à Virgem e a S. Tiago."

Contudo, noutros estudos etnográficos encontramos a mesma construção básica, embora os participantes sejam da Bretanha, de França ou da Flandres, incluindo sempre a ida a Santiago de Compostela.

Sem dúvida que, e embora seja uma história muito esquecida de muitos portugueses, o Galo de Barcelos é adoptado como símbolo nacional por se tratar de uma história de grande convicção moral e que pugna pelos princípios da ética e da justiça no julgamento dos outros.

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