- Deus não se deixa entender justamente para não sofrer confronto com estes mideráveis que nós somos.
- Há não sei que semelhança entre a eloquência e o raio. O raio abraza, pulverisa quase sem queimar; a eloquência quase sem persuadir.
- Os sias prósperos não veem do acaso: são grangeados, como as searas, a muita fadiga e com muitos intervalos de desalento.
- A oração é um respiradouro do espírito, quando a mão da desventura o comprime até lhe abafar a derradeira esperança na terra. O oração não tem nada com este mundo.
- Pedir a justiça do céu para as injustiças da terra é renunciar a toda a vingança, é pedir a felicidade dos nossos inimigos, porque Deus é misericordioso, e não precisa fulminar o poderoso para vingar o fraco.
- O mais eficaz instrumento da caridade, o ouro, nas mãos da avaro, converte-se em ferro de dois gumes: um que lhe entra no próprio coração, outro no coração que lhe pede o óbulo.
- Quase sempre o que se denomina criação é desordenado, confusão e caos.
- O homem traído uma vez pode ouvir dos lábios da mulher um juramento de alma, animado com a santa inocência de um anjo, mas nunca mais lhe franquerá o coração, onde goteja sangue uma chaga incurável.
- A seridade é uma doença e o mais sério dos animais é o burro.
- O bem estar de grande número de indivíduos, que vivem retirados das agitações, depende mais da sua disposição habitual de pensamento que da influência de causas exteriores. A crise moral pode surpreendê-los e maguá-los momentâneamente; mas a força dos acontecimentos é meramente relativa.
FONTE: PENSAMENTOS DE CAMILLO, de Nuno Catharino Cardoso, Portugal-Brasil, 1923
Sem comentários:
Enviar um comentário