Barroso alerta para crise na UE que poderá advir da rejeição da nova Comissão Europeia
"O presidente designado da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, alertou hoje para os riscos de uma crise na Europa se a sua equipa de 24 comissários for rejeitada pelo Parlamento Europeu na votação de amanhã.
"Se esta Comissão não tiver o vosso apoio, será um mau momento para toda a Europa e não poderemos continuar aquilo que devemos: a estratégia de Lisboa, a coesão, o alargamento, ser superiores aos Estados Unidos. É mau para a Europa", afirmou Durão Barrosom, no hemiciclo europeu.
Por isso, solicitou o apoio dos eurodeputados, recusando uma "prova de força" com o Parlamento Europeu (PE), legítimo representante dos povos europeus.
"Peço-vos o vosso apoio. Uma outra via poderia abrir uma crise. Eu comprometo-me a respeitar os princípios do equilíbrio institucional e fiz um grande esforço para responder às vossas legítimas preocupações", acrescentou.
Barroso considerou ainda ter assumido a sua responsabilidade ao tentar agradar às várias sensibilidades políticas do PE, apelando a que, também eles, assumam a sua.
"Assumi a minha responsabilidade e cada um deve assumir a sua. Estou aqui para trabalhar convosco com espírito de compromisso e peço- vos o mesmo espírito", apelou ainda.
E, colocando a discussão no plano ideológico, questionou os eurodeputados: "É normal que aqueles que estão mais a favor do ideal europeu votem ao lado da extrema-direita, anti-europeia, que estão contra o progresso do projecto europeu?".
Depois de rejeitar mudar a composição da sua equipa de 24 comissários, Durão Barroso foi bombardeado pelos parlamentares com acusações de desrespeito e de ignorar o PE. Em causa está o facto de este recusar a mudar o pelouro do comissário europeu da Justiça e Assunto Internos, Rocco Buttiglione, que proferiu polémicas declarações sobre a homossexualidade e o papel da mulher na família.
A comissão Barroso tem, por agora, o apoio dos 268 eurodeputados do Partido Popular Europeu e dos 27 da União para a Europa das Nações, enquanto os 83 Verdes e Grupo da Esquerda Unitária (GUE) votarão contra.
A segunda maior família política, os socialistas, anunciaram o voto contra, mas alguns poderão votar a favor, especialmente aqueles cujos partidos estão no Governo.
Um dos casos seria os espanhóis, que já anunciaram, no entanto, o voto contra, com o conhecimento do chefe do Governo, José Luís Zapatero.
A decisão está então nas mãos do grupo dos democratas e liberais, num total de 88 deputados, que promete analisar as novas propostas de Barroso sobre anti-discriminação, realizando-se esta tarde uma reunião entre ambos.
Para ser aprovada, a equipa de Durão Barroso terá que obter quarta-feira metade mais um dos votos expressos pelos parlamentares presentes na sala." - in SIC Online
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