quinta-feira, junho 10, 2004

CANCRO

Universidade de Coimbra desenvolve novo fármaco

"Investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveram um novo fármaco para o combate ao cancro, cerca de 500 vezes mais eficaz que os actuais produtos. A terapia fotodinâmica poderá ser o principal método de tratamento de patologias cancerígenas.

A nova molécula foi descoberta por uma equipa de peritos do Departamento de Química da Universidade de Coimbra, que desenvolveram a molécula bacterioclorina ao longo de sete anos, com a colaboração de equipas da Polónia, França e Brasil.

O novo fármaco será aplicado a um paciente com cancro, que será depois sujeito à terapia fotodinâmica, levando um laser a incidir na zona do tumor. A bacterioclorina é activada e gera moléculas de oxigénio com força suficiente para atacar os tumores cancerígenos.

«A nova molécula permite activar o oxigénio e é esse o agente que vai degradar as células», explicou à TSF a investigadora Mariete Pereira.

«Na quimioterapia, o próprio fármaco reage com as células tumorais, mas aqui, o novo fármaco, com a acção da luz, activa o oxigénio, que vai degradar as células tumorais. Por isso surge a palavra 'sentitizador'», acrescentou.

Os investigadores garantem que este método tem menos efeitos secundários e será cerca de 500 vezes mais eficaz que as actuais terapias para o tratamento do cancro.

No entanto, a investigadora da Universidade de Coimbra sublinha que «este método é mais usado em cancros externos ou em cancros como o do esófago, onde é possível chegar com a luz, através de fibras ópticas».

A molécula é produzida a partir do pirrol, um derivado de petróleo, e do aldeído, presente na amêndoa amarga, e com um processo de síntese simples e a baixos custos. O fármaco aguarda agora a fase de testes, que se deverão iniciar brevemente, na Polónia.

A sua disponibilidade no mercado deverá demorar ainda entre três a dez anos, devido aos testes a que terá de ser submetido, não tendo havido contactos com a indústria farmacêutica para a sua futura produção.

Apesar do período que será necessário aguardar para a disponibilidade do produto, Mariete Pereira adianta que o «Instituto Português de Oncologia já manifestou interesse na nova molécula e vai enviar um profissional de saúde a Londres, para este se especializar neste tipo de tratamento. É um processo completamente diferente da quimioterapia clássica».


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