domingo, maio 16, 2004

TIMOR

Timor nada fará para deter Wiranto
"As autoridades timorenses nada farão para garantir a execução do mandato de captura do ex-ministro da Defesa de Jacarta e candidato presidencial, general Wiranto, reporta a agência noticiosa indonésia ANTARA.

Megawatu Sukarnoputri, presidente da Indonésia, reuniu-se, no sábado à noite, em Bali, com o chefe da diplomacia indonésia, Hassan Wirajuda e oficiais superiores das forças armadas indonésias, num encontro em que Timor-Leste esteve representado ao mais alto nível.

Timor-Leste fez-se representar pelo presidente Xanana Gusmão, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Ramos-Horta, e pelo comandante das FALINTIL-Forças de Defesa de Timor-Leste, brigadeiro-general Taur Matan Ruak.

Segundo a ANTARA, Hassan Wirajuda salientou que a agenda do encontro «baseou-se claramente nas relações entre a Indonésia e Timor-Leste».

A questão dos direitos humanos foi também debatida, tendo Wirajuda destacado que as conversações foram «orientadas tendo em conta o futuro das relações bilaterais no âmbito da reconciliação entre os dois países».

«E para tal, há aspectos do passado que precisam de ser resolvidos», acrescentou sem dar mais pormenores.

Segundo a agência noticiosa indonésia, Wirajuda disse que a questão da emissão de um mandato internacional de captura contra o general Wiranto,
candidato às presidenciais do próximo dias 05 de Julho, não foi especificamente debatido.

A ANTARA reportou que Xanana Gusmão disse a Megawati Sukarnoputri que o governo timorense não tutela os tribunais, pelo que não tem autoridade para anular o mandato emitido contra Wiranto - pela responsabilidade deste na onda de terror levada a cabo em Timor-Leste por milícias pró-indonésias, em 1999 -, mas adiantou que nada fariam para o fazer cumprir.

O governo indonésio já anunciou que não reconhece legitimidade ao tribunal que emitiu o mandato de captura.

O tribunal em questão, o Painel de Crimes Graves, foi instituído em 2000 pelas Nações Unidas e por Timor-Leste para julgar os responsáveis dos acontecimentos de 1999.

Xanana Gusmão tem afirmado repetidamente que as boas relações com a Indonésia são prioritárias relativamente a procedimentos judiciais, mas tem igualmente relevado a sua incapacidade constitucional de interferir nas questões ligadas à justiça."


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